Eis uma situação / totalmente pervertida -- uma nação que é rica / consegue ficar falida, o ouro brota em nosso peito, / mas mendigamos com a mão, uma nação encarcerada / que doa a chave ao carcereiro para ficar na prisão. Cada povo tem o governo que merece? Ou cada povo / tem os ladrões a que enriquece? Cada povo tem os ricos que o enobrecem? Ou cada povo tem os pulhas / que o empobrecem? O fato é que cada vez mais / mais se entristece esse povo num rosário de contas e promessas num sobe e desce de prantos e preces. Este não é um país sério / já dizia o general. O que somos afinal? / Um país-pererê? folclórico? tropical? misturando morte e carnaval? Um povo de degradados? / Filhos de degredados largados no litoral? / Um povo-macunaíma sem caráter-nacional? Espelho, espelho meu! / há um país mais perdido que o meu? Espelho, espelho meu! / há um governo mais omisso que o meu? Espelho, espelho meu! / há um povo mais passivo que o meu? E o espelho respondeu / algo que se perdeu entre o inferno que padeço / e o desencanto do céu. Esse é um trecho de um poema de Affonso Romano de Sant´Anna publicado em 1998. Ouviu? Mil-novecentos-e-noventa-e-oito. Eu lembrei dele quanto tentei escrever um texto sobre a CPI do Covidão e seu relator Renan Calheiros. Foi inevitável pensar nesta nação Macunaíma com seus heróis sem caráter. Versão no Youtube: https://youtu.be/FfgE2miKoAU Este cafezinho chega a você com apoio do Cafebrasilpremium.com.br, conteúdo extraforte para seu crescimento profissional.See
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