Das profundezas do abandono em que parece tê-las deixado a justiça divina, as almas do Purgatório elevam até vós, Senhor, o hino da sua inalterável confiança e de seu filial amor. Como Santo Jó, elas antecipadamente saúdam em vós o seu Redentor; sabem que chegará o dia em que vos hão de ver e possuir; e essa esperança as consola. Exiladas, em vez do tempo transcorrido em triste prisão, contam agora os dias, as horas que ali devem ainda permanecer. Pensamentos, desejos, afetos, tudo aquilo que dimana de seu ser, tudo se concentra no céu; e a alma que murmura o seu hino de esperança, ao qual nenhuma dor pode interromper, em breve lá há de chegar. Coherdeiras dos vossos bens, ó Jesus, - avermelhadas no vosso sangue, - noivas do vosso amor, elas já não se preocupam tanto com a fadiga proveniente da expiação de suas culpas, mas antes com as ligeiras sombras que ofuscam a sua beleza, com as mínimas manchas que diminuem o esplendor de sua veste nupcial, com o único fio que ainda as retém longe de vós, seu único bem. Para melhor vos ver, vos escutar, vos saborear, vos possuir e vos seguir aonde fordes, apressam-se em expiar as faltas cometidas pela vista, pelo ouvido, pelo olfato, pelos afetos, pela atividade, porque não querem pertencer a outro senão a Vós. Estão preocupadas em se tornar belas da beleza dos anjos e da beleza dos Santos, para vos agradar. Sonham somente com o dia em que hão de ouvir a vossa voz suavíssima chamar a cada uma delas em particular: “Eis-te agora transformada, sem mancha a toda formosa! Vem a mim para eu te coroar!” Ó Divino Coração de Jesus, concedei-nos a alta honra de poder retribuir os nossos humildes serviços às vossas reais esposas, afim de que os seus diademas resplandeçam quanto antes de um eterno esplendor e elas, exultantes, possam alcançar a meta de seus desejos.
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